03 novembro 2011

NÃO MUDAMOS UMA VÍRGULA

Excelente texto enviado ao Blog do Torcedor que decidimos postar por aqui também:

A Colheita de 2008

POSTADO POR WLADMIR PAULINO ÀS 14:33 EM 02 DE NOVEMBRO DE 2011



Por Ayrton Maciel

É possível que esteja chegando ao fim o ano de 2008. É possível; pode não ser provável. Chegará ao fim a safra que traduziu um pensamento e levou o Sport Club do Recife a um salto para trás espantoso e inacreditável. Salto que pode significar uma década de atraso, se continuar predominando o pensamento (im)plantado há três anos. Principalmente, nos sócios. Quando o clube tinha tudo para dar um salto à frente, para cima, para o futuro - depois de vencer uma Copa do Brasil e manter a hegemonia no Estado -, o Sport optou por um projeto pequeno. Apequenou-se (se você se acha pequeno, é pequeno; se se acha grande, é o primeiro passo para o ser). Quando tinha tudo para implantar uma gestão moderna - na administração, no patrimônio, no marketing, na capitalização do clube pela exploração de suas marcas e símbolos (a camisa, o escudo, a bandeira, o Leão, a torcida), nacionalizando a sua imagem, eis que se elege um projeto provinciano. Um projeto desprovido de ambição.

De “antonce” para cá, caminhou o caminho dos desastres. Poderia ter ido muito além na Libertadores de 2009, e não foi por falta de ambição; havia um projeto menor no caminho: o hexacampeonato. Abriu mão de se consolidar na série A como um clube que disputa títulos (e não um que apenas participa), que planeja ter presença mais frequente em torneios continentais, que está permanentemente na mídia nacional, que tem maior poder de influência e cacife político para reivindicar à CBF, ao Clube dos 13, às redes de TVs, etc, etc, etc. Tudo em troca de um título na província. Em 2009, desceu na 1ª para a 2ª divisão, quase ia à 3ª em 2010. Depois de uma reação enganadora, decidiu por não subir no final. Tudo pelo hexa. O time que tinha, bastava.

Estamos chegando ao fim de 2008 em 2011, um ano de derrotas (ah!, perdeu o hexa) numa safra de derrotas. Nunca foi tão fácil subir de divisão. Quer, mas não pode (porque não sabe, não planejou, apequenou-se). Em um torneio com times de nível técnico para lá de 5ª, times sem camisa, sem tradição e sem torcida - a exemplos de Americana, Boa Esporte, São Caetano, que existem para servir a empresários do futebol -, o Sport patina, patina, patina, e não engata uma 4ª.

Pode ser a etapa final do projeto de 2008. Pode ser! Estava bem nítido àquela época, está consolidado agora. Se ainda conseguir subir, qual o mérito em meio a tanta mediocridade de futebol. O clube com a maior torcida do Norte e Nordeste - comprovada por todos os institutos de pesquisa, desde a década 80, em todas as faixas de renda, de idade e de gênero -, com um patrimônio inigualável em 105 anos, uma história de vitórias, o Sport é hoje uma sombra passado. Está aprisionado a um projeto pequeno. E agora, José (adaptando Carlos Drummond)? Perdeu o hexa, caiu de divisão, não consegue subir, não consegue dar esperança...

Está perto de concluir uma campanha de time pequeno: 13 vitórias, 11 derrotas, até o momento. Caminha para repetir 2010. Um clube que não tem mais dirigente que cobre, que não tem quem lhe defenda, nem à sua torcida. Não existe mais um Homero. Para afastá-lo, tacham-o de "o louco". Nenhum outro aparece para defender o título de 87, periodicamente ameaçado pela CBF ou questionado pela mídia monopolista do Sul. Pisam, e ninguém se levanta.

Quem fala pelo Sport? O clube tem seis diretores de futebol. Onde existe isso? No Barcelona ou no Real Madri? No Milan ou na Juventus? No Internacional ou no Grêmio? No São Paulo ou no Corinthians? Diretor de futebol é um só, o resto obedece. Até pouco tempo, após uma derrota, descia ao vestiário o presidente ou diretor de futebol para explicar o fracasso. Agora, não! Não descem diretor nem presidente. Ninguém dá satisfação. Escalam o técnico e dois jogadores para serem ouvidos pela imprensa, que não tem mais liberdade para escolher.

Há algum tempo, atacam, agridem, menosprezam e tentam humilhar o Sport e a sua torcida, e nenhuma voz se levanta. Acabou-se La Bombonilha, acabou-se a garra, acabou-se o Cazá, Cazá. Essa passividade é a cara da diretoria e do time. Contamina. O atual jogador-símbolo é o mesmo do fracasso do ano passado na 2ª divisão edo fracasso do Campeonato Pernambucano de 2011, o do hexa que não veio.

Em 2010, Sport não quis subir por conta do hexa; agora, quer subir e não pode. Não tem time, não tem garra, não tem alma. O clube da garra perdida patina no que resta de um projeto pequeno.

2008 é o ano do fracasso. O da safra perdida. Termina agora. Representou o abandono do projeto de grandeza do Sport.

* Ayrton Maciel é jornalista.
** O texto não reflete, necessariamente, a opinião do Blog do Torcedor.

Mas reflete totalmente a opinião de todos os que fazem o Futebol e Outras Besteiras e, acreditamos, que de 98% da frustrada torcida rubronegra com os caminhos que esse dirigentes de provincianos enterraram nosso time.

#TomaVergonhaSport

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